terça-feira, 31 de maio de 2011

...

Em bater de teclas,
a madrugada se empilha
em listas telefônicas
afogadas na caixa d'água.
Nomes, ruas,
emergências de últimas instâncias.
Enquanto caravelas de nozes
navegam em silêncio
e equilíbrio de varetas.
Os retratos estão fixos,
uns sobre os outros,
solidez familiar.
Os pregos há muito já penetraram
a escorregadia firmeza do concreto.
Minha rua alagada,
faces se desfazem na umidade.

...
...

meu irmão se trancou
na geladeira de casa,
eu bebo água sem gelo

...
durmo
de dormir depressa,
sem sono
de acordar
Como preso em meus cabelos
um beijo,
borboletas pousadas no vento,
esquecidas em balés maternos
a noite enxugava da janela
o mais antigo,
coração ferido



...

quando esgotar sua morte de cansaço,
me chama

...
...

É muito cedo,
se eu costurasse seu pulso,
sujaria por certo minhas mãos.
E nada mais me segreda,
já sei,
seu desespero sou eu.

...
quero ficar
desmanchada,
que nem sumidouro




quando estou só,
finco pontas de alfinetes
na lua,
de um olho seu





É urgente amanhecer